Das diversas etapas da infância e da adolescência, a descoberta da sexualidade é uma das mais importantes para se entender como indivíduo. Do ponto de vista científico, essa descoberta é facilitada pelas mudanças hormonais ocorridas na puberdade, e o processo de maturidade sexual envolve corpo e mente.
Durante o processo de entendimento da atração física e emocional que sentem por outras pessoas, muitos adolescentes passam a explorar sua orientação sexual. Para entender esse processo, é importante compreender que a orientação sexual não é uma escolha e não pode ser mudada, mesmo que haja a intenção. Confira como apoiar seu filho com informações da “Momspresso”.
O que é orientação sexual?
Para iniciar a discussão é necessário entender esta resposta. A orientação sexual refere-se ao gênero (masculino, feminino, não-binário) por quem o indivíduo se atrai romanticamente. As orientações sexuais mais comumente citadas são:
• Heterossexual: pessoa romanticamente atraída por pessoas do gênero oposto;
• Homossexual (gay ou lésbica): pessoa romanticamente atraída por pessoas do mesmo gênero;
• Bissexual: pessoa romanticamente atraída por mais de um gênero.
Não “se encaixar” nos moldes da heterossexualidade é um motivo de grande sofrimento entre adolescentes em sua fase de descoberta.
“Saindo do armário”
Pessoas não-heterossexuais podem vivenciar momentos de negação, raiva e medo de não serem aceitas por suas famílias e/ou pessoas queridas, mantendo sua orientação sexual em segredo. “Sair do armário” ou “se assumir” são termos dados para quando um indivíduo resolve abertamente expressar sua sexualidade fora do que é considerado “padrão”.
O sofrimento dos adolescentes
Adolescentes não-heterossexuais estão propensos a enfrentarem obstáculos como bullying ou outras experiências sociais negativas. Isso pode ocasionar pensamentos autodestrutivos ou vícios, como o uso de álcool e drogas. Em tempos de sofrimento, é importante que estes jovens tenham apoio para encarar as dificuldades pelas quais passam. Esse apoio é crucial para minimizar os riscos de transtornos psicológicos, além de ajudá-los a desenvolver senso de autonomia e propósito.
Perspectiva parental
As mudanças de comportamento na adolescência representam um processo de transição também para os pais. É um desafio parental aproximar-se de filhos adolescentes sem afastá-los, mas isso deve ser exercitado.
A orientação sexual dos filhos pode ser um choque, pois a ideia de um filho não-heterossexual levanta milhares de questões e preocupações inéditas. É importante que mães e pais não se sintam “responsáveis” pela orientação sexual de seus filhos: essa é uma percepção errônea e retrógrada.
A melhor forma de reagir frente a um filho assumindo sua sexualidade é o apoiando e parabenizando pela coragem. Essa simples ação deixará menos espaço para o surgimento de um estilo de vida secreto, desonestidade e afastamento emocional. Além disso, saber que os pais os amam incondicionalmente pode ter um impacto positivo imensurável na autopercepção e comportamento.
Pais conservadores e rígidos em suas crenças, quando não aceitam a orientação sexual de seus filhos, podem levar as crianças à depressão, abuso de substâncias e até mesmo aos pensamentos negativos, além do afastamento físico e emocional.
Como pais podem ajudar
Comece entendendo os fatos:
• Não é uma fase: Não desqualifique o senso de identidade de seu filho;
• Não há “cura”: Pois não é uma doença;
• Não procure culpados: Procure celebrar a vida de seu filho e quem ele é.
Esteja envolvido em sua vida escolar
Conversar com professores e outros funcionários da escola de seu filho é um importante meio de garantir que ele não esteja angustiado ou sofrendo.
Procure por sinais de bullying
Caso perceba os seguintes sinais, converse com a diretoria da escola de seu filho:
• Mudanças comportamentais: Por exemplo, se seu filho extrovertido e brincalhão agora está introvertido e tímido;
• Vontade de faltar às aulas (ou faltar efetivamente)
• Queda de desempenho escolar
• Comportamentos de risco (como o uso de substâncias)
O que não fazer
• Ignorar: Reconhecer a coragem de seu filho é importante. Pergunte como ele está e informe-o sobre o que você está pensando. Como mãe, é natural que você precise de tempo para processar as novas informações;
• Dizer “eu sempre soube”: Isso pode diminuir o valor da jornada de seu filho, além de fazê-lo questionar sua aparência e comportamento de uma forma que pode ser nociva. Ao invés de dizer isso, pergunte a ele como se descobriu;
• Presumir: A sexualidade de seu filho não significa nada sobre suas escolhas de vida ou sobre ele como pessoa. Não presuma que sim.
O que fazer
• Dizer que o ama
• Conversar sobre contar para outras pessoas: Antes de revelar a sexualidade de seu filho ao seu parceiro(a), familiares ou amigos, converse com ele primeiro.
• Atenda às necessidades de seu filho: Ele precisa se sentir amado e aceito, passar tempo de qualidade com quem ama sem se sentir julgado e ser apoiado e encorajado.
• Ser boa ouvinte: Dê ao seu filho espaço para se expressar sem medo. Crie um espaço seguro que o possibilite ser honesto e se expressar genuinamente.
Nesse momento em especial, é essencial que o adolescente e os pais tenham acompanhamento profissional com psicólogo, para que juntos sejam ainda mais fortes e saibam lidar da melhor maneira com esse e qualquer outro assunto.
*Em caso de pensamentos autodestrutivos, procure ajuda no CVV (Centro de Valorização da Vida), através do telefone 188 ou por atendimento via e-mail e chat ou pessoalmente nos postos de atendimento em todo o Brasil.